Entre as vantagens da utilização da energia “agrivoltaica” o seu principal benefício é, em termos ambientais, a redução dos gases de efeito de estufa. Para além disso, a utilização de um terreno tanto para agricultura quanto para energia alivia a pressão sobre os ecossistemas e a biodiversidade, pois estes são afetados quando se ampliam as áreas de cultivo.
Os estudos calculam que a eletricidade gerada pelos painéis solares aumenta em mais de 30% o valor económico das explorações “agrivoltaicas” ao melhorar a eficiência e o desempenho do terreno. Um aumento que se nota em especial nas regiões mais quentes, onde a sombra pode proteger os cultivos, baixando sua temperatura e evitando uma evaporação excessiva.
As principais desvantagens são decorrentes da sombra das placas, que podem afetar em maior ou menor medida a produtividade dos cultivos, obrigando a usar plantas mais resistentes e restringindo aquelas mais dependentes da luz solar.
Um fator que também limita as latitudes de produção de energia “agrivoltaica” uma vez que, em regiões menos quentes, onde a luz solar não é tão intensa durante todo o ano, a rentabilidade fica prejudicada. Outro aspeto a considerar é o elevado investimento necessário, que, no entanto, tenderá a diminuir com a disseminação dos projetos.
Atualmente, é na China que se está a desenvolver o maior projeto “agrivoltaico” do mundo. É um sistema abrangente de painéis fotovoltaicos colocados sobre bagas de goji. Índia, Malásia, Japão, Taiwan ou França são outros exemplos de países a desenvolver sistemas “agrivoltaicos”.
A energia “agrivoltaica” tem diferentes aplicações dependendo do ambiente e do uso que se queira dar às instalações. A geração de eletricidade e cultivo é a modalidade mais habitual, com os painéis solares a ocuparem o mesmo terreno que as frutas, verduras, hortaliças e cereais, protegendo os cultivos dos fenómenos atmosféricos.
Em terrenos não cultiváveis ou onde a meteorologia é menos favorável, é possível usar o solo debaixo dos painéis solares como terreno para o gado pastar e nas zonas costeiras é possível um uso triplo dos “agrivoltaico” para a geração de eletricidade, água doce e cultivo. A eletricidade gerada é utilizada para alimentar uma unidade de dessalinização, que produz água tanto para cultivo quanto para consumo humano.
A energia solar “agrivoltaica” pode ser utilizada para alimentar bombas de irrigação, luzes do celeiro, equipamento agrícola, etc. Se houver um excesso, pode ser revendida à rede ou armazenada em baterias. Ao mesmo tempo, a ciência dos sistemas agrivoltaicos permite que os painéis melhorem as plantas enquanto produzem energia. Uma vez que são menos stressadas num ambiente mais protegido, produzem uma colheita mais abundante. Da mesma forma, a temperatura debaixo dos painéis solares reduz e as plantas utilizam menos água à medida que apanham sempre sol. O arrefecimento por baixo dos painéis também ajuda a maximizar a produção de energia, tornando tudo mais eficiente.
Os sistemas “agrivoltaicos” aproveitam ao máximo a terra disponível cultivando culturas alimentares e produzindo energia ao mesmo tempo, com a mesma quantidade de espaço. Em áreas com disponibilidade de terra limitada, em vez de se ter de escolher entre agricultura e produção de energia renovável, pode-se ter ambos.